Investigação e inteligência
O aumento de 17,27% do número de homicídios em Minas Gerais, durante o ano de 2011, em relação a 2010, conforme dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), não foi acompanhado pelas estatísticas oficiais dos estados vizinhos. As autoridades mineiras atribuem o aumento ao tráfico de drogas.
De fato, o crack mudou o perfil da criminalidade. Mata-se mais hoje por motivos cada vez mais fúteis, por pequenas quantias de dinheiro, por pequenas desavenças, do que antigamente.
Além disso, é sabido que com a polícia pacificadora no Rio de Janeiro, muitos delinquentes estão migrando para as montanhas de Minas Gerais, na vã ilusão de que por aqui seja mais fácil o exercício da atividade criminosa. A pronta resposta da polícia mineira, rechaçando todas as investidas, tranquiliza um pouco mais a opinião pública.
Contudo, a sensação de segurança se inverte à medida que a população vê que a polícia prende em um dia e a Justiça solta na manhã seguinte, muitas vezes por falta de vagas nos presídios, que estão lotados. Nos últimos anos, o governo mineiro promoveu, com sucesso, uma política de construção de presídios ao mesmo tempo em que a gestão das cadeias deixou de ser uma responsabilidade da Polícia Civil, o que sempre foi uma reivindicação da instituição na medida em que liberou os detetives para exercerem as funções para as quais foram contratados. Os recursos para os presídios minguaram e as carceragens voltaram a ficar superlotadas rapidamente.
Especialistas consultados pelo jornal são categóricos ao afirmar que um investimento maior na Polícia Civil é um dos caminhos para conter a alta da criminalidade. Nesta sexta-feira (23), o Governo do Estado mudou a cúpula da Polícia Civil, mas é preciso muito mais.
No caso dos homicídios, por exemplo, apenas a presença ostensiva da Polícia Militar pouco pode fazer para evitar esse tipo de crime. Não se sabe quando e onde vai acontecer o próximo homicídio, que é de difícil prevenção. Daí a necessidade de aprimorar a investigação feita pela Polícia Judiciária.
O tradicional Departamento de Investigação (DI), símbolo da Polícia Civil em Minas, sempre atuou na apuração dos homicídios, alcançando, em determinadas épocas, índices superiores a 90% de identificação e indiciamento dos autores.
O pesquisador Luís Felipe Zilli, do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), é categórico ao mostrar a necessidade de se investir mais nos serviços de inteligência da Polícia Civil.
“Não se pode conter criminalidade com mais efetivo, viatura ou armamento. Homicídio e quadrilhas de crimes contra o patrimônio se desarticulam com informações integradas, precisas, enfim, melhoria na inteligência”. Ele entende que não basta aparelhar o patrulhamento ou a vigilância. A sofisticação dos crimes contra o patrimônio e contra a vida, na opinião do especialista, podem ser contidos com o fortalecimento da inteligência e da investigação com mais recursos.
Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/noticias/investigac-o-e-inteligencia-1.423633