Delegados decidiram, nesta terça-feira (7), endurecer o jogo com o Governo do Estado.
Os delegados da Polícia Civil de MInas Gerais decidiram, nesta terça-feira (7), endurecer ainda mais o jogo com o Governo do Estado. A categoria exige a criação de um subsídio pelo qual o salário inicial de um delegado de polícia, hoje em R$ 5.700, seja equiparado ao de um defensor público, na faixa de R$ 8 mil.
Em assembleia no Sindicato dos Delegados de Polícia de Minas Gerais (SindepoMinas), a categoria aprovou pauta com sete quesitos na chamada “Recomendação do Movimento pela Estrita Legalidade”. Durante a assembleia, o presidente do SindepoMinas, Edson José Pereira, destacou a isenção do Hoje em Dia e da TV Record Minas na cobertura das questões envolvendo segurança pública no Estado.
Logo depois, os delegados saíram em passeata em direção à Assembleia Legislativa portando faixas que denunciavam condições precárias de trabalho. Eles também distribuíram panfletos. Ao chegar à AL, foram recebidos pelo deputado estadual Rogério Correia (PT). O parlamentar prometeu apoio e garantiu que irá avaliar as reivindicações dos delegados.
O diretor do SindepoMinas, delegado Marco Antônio de Paula Assis, afirmou que a categoria rejeitou o aumento escalonado anunciado na segunda-feira (6) pelo governador Antonio Anastasia. Para ele, a proposta não atende a categoria, que pretende lutar, além do subsídio para delegado, pela quebra de isonomia salarial com a Polícia Militar em vigor desde o governo Itamar Franco.
Segundo o diretor do sindicato, hoje são cerca de 900 delegados na ativa para cerca de dez mil oficiais. “Enquanto existir esse atrelamento salarial com a Polícia Militar sempre vai prejudicar a Polícia Civil”, resumiu. Ele afirmou que os delegados não estão em greve, apenas reivindicam valorização profissional e melhores condições de trabalho.
O presidente do SindepoMinas, Edson José Pereira ameaçou radicalizar e entregar nas penitenciárias os cerca de 8,5 mil presos atualmente sob custódia em delegacias. “Não recebemos um único centavo para tomar conta de presos”, resumiu. Da mesma forma, os delegados avaliam a devolução de funcionários cedidos por prefeituras em cidades do interior, onde as delegacias não possuem infraestrutura, os chamados “ad hoc”, que atuam como escrivães e carcereiros. “Essas pessoas trabalham em delegacias e correm risco, uma vez que não têm o perfil nem receberam treinamento adequando, ou seja, não são policiais”. O governo terá 15 dias para se posicionar, quando essas ameaças poderão ser cumpridas.
O sindicalista também reafirmou que a categoria passará a atuar de acordo com a Lei Complementar 84/2005, que estabeleceu a carga de 40 horas semanais e que os plantões noturnos, de finais de semana e feriados, estão garantidos apenas em 67 cidades mineiras.
A assessoria de Imprensa do Governo mineiro informou que só irá se pronunciar quando receber oficialmente essas reivindicações.
Desde abril passado, os delegados mineiros se utilizam de uma medida polêmica para pressionar o Governo a ceder às reivindicações da categoria de aumento de salário e melhores condições de trabalhos. Um adesivo vermelho com a frase “Inquérito presidido pelo delegado que recebe o pior salário do país” é colado no documento quando remetido à Justiça. O presidente do SindepoMinas afirma que a medida é uma estratégia para expor a má situação salarial da categoria.
De acordo com Edson Pereira, hoje um delegado em início de carreira ganha um salário de R$ 5,7 mil, inferior no país apenas aos pagos em São Paulo (R$ 5,4 mil) e no Pará (R$ 5,2 mil). O melhor salário, R$ 13 mil em início de carreira é de Brasília (DF). Os delegados também estariam recebendo bem menos do que promotores de Justiça (R$ 18 mil) e defensores públicos (R$ 8 mil).
Fonte: Hoje Em Dia – online.
Link: http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/minas/em-protesto-delegados-estudam-soltura-de-mais-de-8-mil-presos-1.291579
Disponível em: 08/06/2011 – 11:00