Crise no IML de Governador Valadares deixa cadáver ao ar livre.

GOVERNADOR VALADARES – Responsável por atender a uma população de 70 municípios no Leste de Minas, o Instituto Médico-Legal (IML) de Governador Valadares está abandonado, funcionando de maneira precária. A situação se repete na capital e em outras regiões do Estado.

Sem espaço suficiente na geladeira, um corpo não identificado apodrecia, na semana passada, em um caixão no estacionamento do IML de Valadares, perto da entrada do IML. Quem chegava ao local em busca de algum serviço era recepcionado pelo mau cheiro e por urubus que rondavam o prédio.

No refrigerador com capacidade para quatro cadáveres, nove estavam amontoados. “Recentemente, encontramos o corpo de um andarilho que não tinha identificação. Para colocá-lo na câmara fria, tivemos que deixar de fora um cadáver mais antigo, que tinha menos chance de ser reconhecido devido ao tempo que estava na geladeira”, disse o diretor do IML de Valadares, Elsias Coelho Neto.

O corpo foi retirado da geladeira na quinta-feira da semana passada e só foi enterrado uma semana depois, porque a prefeitura precisava de autorização para fazer o sepultamento. Neto já avisou que, na falta de local para colocar cadáveres, vai recorrer novamente ao “depósito” a céu aberto.

Mais caixões

Para tentar liberar espaço na geladeira, o diretor do IML vai solicitar à administração municipal nove caixões e sepultamentos em cova rasa.

Antes de deixar o instituto, as características dos cadáveres sem identificação são registradas em um livro. “Fazemos ainda exame de DNA e tiramos fotos para auxiliar em futuras identificações”, explica Elsias.

Na oficina

Funcionários do IML também sofrem com a precária estrutura para trabalhar. O rabecão que rodou até o início da última semana foi levado para Belo Horizonte, depois de apresentar problema mecânico. Com isso, os corpos que precisaram ser encaminhados para o instituto foram transportados pelo serviço funerário da prefeitura.

Por causa da falta de veículos, na terça-feira, o cadáver de uma mulher encontrado às margens do rio Doce, em Valadares, demorou uma hora e meia para ser removido.

O cenário de abandono é completado pela falta de limpeza e carcaças de veículos que se deterioram no estacionamento, servindo de criadouro do mosquito da dengue. Na semana passada, seis meses após encaminhar ao município um pedido de capina no instituto, detentos do presídio da cidade foram levados ao local para cortar o mato.

Fonte: Jornal Hoje Em Dia.
21/01/2013