Contingenciamento imposto por Zema afeta trabalho da Polícia Civil e penaliza servidores em Minas Gerais

24 de junho de 2025

O contingenciamento de recursos imposto pelo governador Romeu Zema à Polícia Civil está afetando o trabalho dos policiais em Minas Gerais. O corte foi anunciado em junho, de R$ 31 milhões no orçamento da Polícia Civil. A informação foi confirmada pela própria chefe da corporação, delegada Letícia Baptista Gamboge Reis, durante reunião na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A redução orçamentária diminuiu o valor previsto inicialmente de R$ 201 milhões para R$ 170 milhões, o que já está impactando diretamente as condições de trabalho dos policiais civis no estado.

Apesar da promessa de “não comprometer” a prestação de serviços, a realidade nas delegacias e nas operações de campo mostra o contrário. Segundo o Sindpol/MG, o contingenciamento tem causado sérias dificuldades logísticas e operacionais para os policiais.

Entre os efeitos mais imediatos está a limitação no número de abastecimentos das viaturas: cada unidade policial passou a ter um teto de abastecimento mensal, o que restringe deslocamentos para diligências, investigações e operações importantes. Além disso, os policiais que precisam viajar a trabalho estão sendo prejudicados pela falta de pagamento de diárias, mesmo quando deixam seus municípios para cumprir missões oficiais.

“A Polícia Civil já sofre com efetivo reduzido, estrutura precária e um dos piores salários do Brasil. Agora, com esse corte, o Estado diz que não tem nem dinheiro para abastecer viatura ou pagar diária. Isso compromete sim o trabalho policial e coloca em risco a segurança da população”, alerta o presidente do Sindpol-MG, Wemerson Oliveira.

Mesmo com o corte, a chefia da Polícia Civil anunciou que 359 novos servidores deverão ser nomeados ainda em 2025, conforme concurso em andamento. As vagas incluem delegados, investigadores, peritos, médicos-legistas, técnicos e assistentes. Para o sindicato, a nomeação é importante, mas não será suficiente se não houver estrutura e orçamento para manter o serviço funcionando com dignidade.

“Era necessário que fossem mais de 11 mil investigadores e temos menos de 6 mil. No total, a Polícia Civil deveria ter mais de 17 mil profissionais e são cerca de 10 mil em todo o Estado. Esse concurso não irá desafogar a sobrecarga atual dos servidores. Não há investimento também para que eles trabalhem com segurança e eficiência. Sem combustível, sem diárias, sem equipamentos, a repressão ao crime se torna cada vez mais frágil”, completa Wemerson.

O Sindpol-MG reforça que continuará cobrando transparência na aplicação dos recursos, a recomposição orçamentária da Polícia Civil e a valorização dos servidores, que seguem atuando com dedicação mesmo em condições cada vez mais adversas.