Apurações no vale do Aço:

Após intervenção do SINDPOL/MG cobrando equilíbrio, transparência e critérios, investigações agora apontam para novas Direções.
O policial militar preso, anteontem, em Lavras, no Sul de Minas, durante as investigações de 14 crimes cometidos no Vale do Aço, estaria relacionado a, pelo menos, 40 mortes praticadas na região entre os anos de 2005 e 2008. De acordo com dados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o soldado Victor Emmanuel Miranda, 25, foi citado em cinco assassinatos já investigados.

Em um dos inquéritos – que apurou o assassinato de Admar de Almeida Pereira, 20, com 11 tiros na porta de casa -, o policial acabou absolvido da acusação de homicídio por falta de provas. Ele ainda é apontado como o responsável por uma série de mortes cometidas em Ipatinga, entre os anos de 2007 e 2008, conhecidas como “Crimes da Moto Verde”, por terem sido praticados com um veículo com essas características. Os delitos eram denunciados pelo jornalista Rodrigo Neto, morto no dia 8 de março.

“Era uma pessoa que tinha uma proteção grande da corporação. A prova disso é que a única punição que ele teve foi a transferência”, afirmou o presidente da comissão, o deputado estadual Durval Ângelo. Os demais processos pelos quais o soldado responde ainda tramitam no Judiciário.

De uma família de classe média e prestes a se formar em engenharia, o agente ainda é acusado de matar uma mulher, em 2007, após o fim da relação dos dois.

Durante a apuração de 25 crimes em Ipatinga, em 2008, uma equipe de policiais civis de Belo Horizonte chegou a classificar Miranda como um individuo de “alta periculosidade”, segundo um dossiê do Comitê Rodrigo Neto. A transferência do policial para Lavras, porém, foi em função de um Processo Administrativo Disciplinar na Corregedoria da Polícia Militar, iniciado em 2008 e arquivado por falta de provas.

Durval Ângelo acredita que muitos dos crimes de Miranda podem estar ligados a um grupo de extermínio. “Temos que saber a serviço de quem ele estava. Ele não fazia isso sozinho”.

Controle. Para Robson Sávio, pesquisador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas), a liberdade do policial exemplifica a falta de controle externo das atividades policiais. As corregedorias, para ele, são órgãos de fiscalização interna corporativistas. “Por isso, é fundamental ter órgãos de controle externo”, considerou.

Fonte: O Tempo