A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) foi invadida por volta das 14h20 por servidores públicos da área de segurança que desde a manhã desta terça-feira (8/11) protestam contra o pacote de medidas anticrise do governador Luiz Fernando Pezão.
Eles tomaram o plenário e estavam sentados nas cadeiras do presidente, Jorge Picciani (PMDB), e de outros deputados. Também as galerias do segundo andar, onde costuma ficar o público que assiste as votações, foram ocupadas. Um sinalizador de fumaça foi aceso no plenário.
Composto de 22 projetos de lei, o plano de Pezão foi enviado à Alerj na sexta-feira passada, e inclui iniciativas impopulares, como a elevação da contribuição previdenciária de servidores ativos, inativos e pensionistas.
No fim da manhã, lideranças da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) começaram a incitar os manifestantes a enfrentar o Batalhão de Choque, responsável pela segurança dos funcionários da Alerj que estavam no prédio. Na tentativa de acalmar os ânimos, o presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal do Rio, Odonclei Boechat, chegou a convocar um abraço no prédio, localizado no centro da cidade, num ato simbólico de respeito à casa legislativa e à democracia, mas não teve sucesso.
A manifestação reúne servidores da Polícia Civil, da Polícia Militar, bombeiros e representantes de penitenciárias, que se organizaram por meio do Facebook e Whatsapp. “Vamos invadir e só vamos sair depois que o pacote de maldades for derrubado”, afirmou, ainda pela manhã, uma das lideranças que se identificou como policial militar do 22º Batalhão. Até que o prédio fosse invadido, as lideranças da Polícia Militar e do sindicato dos inspetores penitenciários discutiam no carro de som instalado na frente da Alerj se os manifestantes deveriam ou não invadir a Alerj.
Deputados e Picciani não estavam na Alerj no momento da invasão, apenas funcionários. Alguns deles conseguiram deixar o prédio por uma saída desconhecida dos manifestantes antes dos protestantes tomarem o prédio.
Invasão é ‘caso de polícia, não de política’
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), afirmou ao Broadcast, sistema de informações em tempo real do Grupo Estado, que a invasão da casa por servidores públicos “é um caso de polícia, não de política”. Eles protestam contra o pacote de ajuste fiscal proposto pelo governo do Estado na última sexta-feira. Picciani disse que na próxima quarta-feira estará sentado em sua cadeira – no momento ocupada pelos manifestantes – para dar início à votação das medidas propostas pelo governador Luiz Fernando Pezão e que a reação dos servidores só aumenta sua vontade de votar as medidas
“A invasão do parlamento é um atentado ao regime democrático e não tem precedentes na história do Brasil. É um caso de polícia, não de política”, disse Picciani, que classificou a invasão de crime. Os servidores da área de segurança lideram hoje as manifestações na porta da Alerj.
Os servidores querem ser recebidos por um representante do legislativo para debater as medidas, mas o presidente da Alerj descartou uma ida até lá. “Não se reúne com quem invade o parlamento e tenta impedir seu funcionamento. Isso nem na ditadura”, disse. “Quem vai tirá-los de lá é a polícia”, frisou
Questionado se a forte reação dos movimentos sindicais pode tornar mais difícil a aprovação do pacote de medidas do governo fluminense, Picciani disse esperar o efeito oposto. “Acho que isso vai fazer com que o parlamento tenha uma posição mais dura. A mim aumenta a vontade de votar (as medidas)”, afirmou. O presidente da Alerj disse ainda que o diálogo está aberto com o poder judiciário, que apontou inconstitucionalidades em pontos do pacote.
Fonte: O Tempo