Durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta segunda-feira (18/8), o Governo de Minas anunciou a liberação de R$ 5 milhões adicionais para abastecimento de viaturas da Polícia Militar. A medida, no entanto, não contemplou a Polícia Civil nem o Corpo de Bombeiros, o que gerou críticas de parlamentares e representantes de entidades de classe.
O Sindpol/MG, que participou da audiência por meio do presidente Wemerson Oliveira e dos diretores Breno Almeida e Vander Gomes, denunciou que a exclusão da Polícia Civil compromete diretamente as investigações e o atendimento à população.
“Não dá para admitir que a Polícia Militar tenha combustível para patrulhar e a Polícia Civil fique sem condições de investigar crimes e prender criminosos”, afirmou Wemerson Oliveira.
Segundo relatos colhidos pelo Sindpol em visitas ao interior do Estado, há situações em que investigadores precisam abastecer viaturas com recursos próprios para concluir diligências. “O colega sai para cumprir uma investigação, roda alguns endereços e, ao final, precisa bancar o combustível para conseguir voltar à unidade. Isso é inaceitável”, denunciou o diretor Breno Almeida.
A entidade reforçou que qualquer ocorrência desse tipo deve ser comunicada ao sindicato, que pretende encaminhar denúncias formais ao Ministério Público e à chefia da Polícia Civil.
O presidente da Comissão de Segurança Pública da ALMG, deputado Sargento Rodrigues (PL), também criticou a medida do governo, destacando que a falta de combustível paralisa investigações da Polícia Civil e compromete socorros do Corpo de Bombeiros.
“Será que não têm consciência do que isso está causando na ponta da linha? Não se pode aceitar que o cidadão, que paga imposto, não tenha uma viatura para atendê-lo”, disse o parlamentar.
Rodrigues ainda alertou para o crescimento de facções criminosas, como o Comando Vermelho, que já dominam áreas de Belo Horizonte como Cabana do Pai Tomás, Serra e Morro das Pedras.
O secretário de Estado da Fazenda, Luiz Cláudio Gomes, afirmou que os cortes fazem parte de um contingenciamento de R$ 1 bilhão e que a situação financeira do Estado é delicada. Segundo ele, a inclusão da Polícia Civil ainda está “em avaliação”.
Enquanto isso, benefícios fiscais concedidos a grandes empresas seguem mantidos, somando mais de R$ 25 bilhões em 2025. A justificativa do governo é que tais incentivos são necessários para atrair investimentos até a implementação da reforma tributária em 2032.
O Sindpol afirmou que continuará mobilizado para garantir que a Polícia Civil também seja contemplada na liberação de combustível para viaturas. Para a entidade, não se trata de privilégio, mas de condição mínima de trabalho para que policiais possam investigar crimes e proteger a sociedade.
