A exemplo do SINDPOL/MG, imprensa mineira destaca trabalho desenvolvido pela Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida da Polícia Civil
Pouco depois de completar 16 anos, Luana conheceu um homem com aparentemente 45 anos, que se dizia apaixonado por ela. Os pais tentaram impedir o relacionamento, mas, no último dia 13 de agosto, a garota sumiu sem deixar vestígios. Ela compõe hoje uma lista de 14.821 pessoas desaparecidas em Minas, sendo 4.461 adolescentes (30%). A quantidade de casos aumentou 136% nos últimos cinco anos. Em 2011, foram 3.205 registros, contra 1.353 em 2007. Neste ano, até agosto, já são 2.382 casos – o que significa que, em média, dez pessoas somem a cada dia.
Entre meninas de 12 a 17 anos, o crescimento preocupa as autoridades. Nos últimos quatro anos, aumentou 76% o número de adolescentes do sexo feminino desaparecidas no Estado. Em busca de uma suposta "vida melhor" ou enganadas por aliciadores, cada vez mais, elas deixam suas casas e nunca mais dão notícias. No ano passado, foram 599 registros diante de 340 casos em 2008.
À frente da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida da Polícia Civil há 11 anos, a delegada Cristina Coelli Cicarelli Masson afirma estar impressionada com a quantidade de casos que estão surgindo com as adolescentes. "Quando vamos investigar, percebemos que a maioria das garotas sai de casa em busca de liberdade, iludidas por aliciadores e podem vir a ser vítimas de exploração sexual", explicou a delegada.
No caso de Luana, segundo a policial, tudo indica que ela tenha sido aliciada por João Jerry (retrato falado acima). Ela teria conhecido o homem na rodoviária quando, pela primeira vez, sozinha, veio visitar a irmã em Belo Horizonte. Luana, filha caçula de nove irmãos, morava na zona rural de Codisburgo, na região Central do Estado. "Ela veio a BH para comprarmos um violão para ela de aniversário. Nossa família está desesperada. Penso nela todos os dias e estou dormindo à base de remédios", disse a irmã Sirlândia Soares da Silva, 33. O suspeito ainda foi à casa de Luana, em Codisburgo, três vezes e chegou a levar flores e chocolate.
"Muitas vezes eles prometem roupas de marca, celulares, algo que a adolescente não poderia ter e ela vai em busca disso", destacou a delegada Cristina Coelli. Segundo ela, além das motivações criminosas, a maioria dos desaparecimentos tem como pano de fundo conflitos familiares.
PROJETOS. Para o diretor da ONG Gente Buscando Gente, Carlos Rodrigues, o Estado deveria investir mais na busca por desaparecidos. "Falta recurso para melhorar esse trabalho. O desaparecimento de pessoas é um problema social que tem atingido todas as classes", disse.
Apesar de resguardar o número de pessoas que atuam na Divisão de Desaparecidos, Cristina Coelli defende que a equipe é suficiente. Desde 2006, quando foi criado o Cadastro Único de Pessoas Desaparecidas, 12.066 pessoas foram encontradas – 81% do total de desaparecimentos.
Fonte: Jornal O Tempo, 10 de setembro de 2012