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A Lei Maria da Penha, Lei Federal 11.340, de 7 de agosto de 2006, comemora hoje sete anos de uma mudança de paradigma no enfrentamento de uma das maiores chagas sociais dos nossos tempos que é a violência doméstica e a prática do desrespeito e violação do gênero feminino. Não obstante a ação decisiva do Parlamento e Governo Brasileiros em encarar esse fenômeno, ainda há um longo caminho a percorrer para consolidação das políticas públicas de proteção a mulher e à instituição familiar, bem como, proporcionarmos e garantirmos no seio dos lares brasileiros um ambiente harmônico e salutar, livre de toda sorte de violência, intolerância e violação a dignidade da pessoa humana. Não restam dúvidas que ao buscar garantir a segurança, a integridade física a liberdade e a dignidade da mulher no âmbito da relação familiar ou de coabitação, o legislador federal buscou alcançar proteção à instituição familiar como o mais importante grupo de formação da personalidade e da introdução de valores à pessoa humana, mormente aquela em tenra idade e em formação. A família é a célula mater da sociedade. Vejamos que tamanha é a sua importância, que desde os primórdios, todo o arcabouço jurídico na história da civilização faz menção à relevância de dispositivos para garanti-la e protegê-la. Essa máxima pode ser destacada no Art.226 de nossa Constituição onde dispõe: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”.
Essas reflexões sobre a referida legislação que muito tem mudado o cenário das políticas de gênero no nosso país, são mais que necessárias para compreendermos o dilema que as autoridades enfrentam no tocante a crescente onda de violência envolvendo crianças e adolescentes, em sua grande maioria sem qualquer antecedente delitivo ou infracional.
Nessa semana três episódios deixaram a sociedade estarrecida, um em SP onde um adolescente de apenas 13 anos, segundo conclusões da Polícia, teria matado o pai e mãe que eram policiais e ainda a avó e uma tia, depois foi para escola e ao retornar ao lar, com a mesma arma, tirou a própria vida; o segundo episódio se deu em Bicas na Zona da Mata Mineira, onde dois adolescentes atearam fogo em um morador de rua e em um cidadão transeunte, por pura e mera crueldade e perversão. Por último, na noite desta terça-feira, uma mulher em BH após denunciar seu ex-marido por mais de 10 vezes e estar sob medida protetiva, foi esfaqueada inúmeras vezes pelo seu desafeto e agressor, inconformado com a separação, vindo a falecer.
Esses três fatos nos remetem a várias indagações: quais as motivações de tamanha explosão de violência e crueldade? Em que tipo de família essas crianças e esse adulto foram formados? Quais os valores, princípios éticos e morais foram neles cultivados e incutidos? Será que o ambiente familiar no qual foram inseridos era livre de violência, opressão, assédio e violação a dignidade humana? Que tipo de família nossa sociedade contemporânea está instituindo e mantendo?
As respostas para todas essas indagações e questionamentos, obviamente deverão ser objeto de profundo estudo da comunidade acadêmica, dos operadores de segurança, criminólogos, sociólogos, enfim, de todos aqueles que estudam e laboram em torno do fenômeno criminal e sua incidência na sociedade. Contudo, é importante ressaltar que instrumentos legais, fruto de grande clamor social, como a Lei Maria da Penha, o Estatuto da criança e do adolescente que inclusive no último dia 13 de julho celebrou 23 anos de vigência, dentre outros instrumentos legais e dispositivos de proteção social devem ser sempre observados pela sociedade e pelo poder público, com vistas a prevenir e coibir fatos tão trágicos e comoventes como esses por nós vivenciados nessa última semana.
Denilson Martins é Presidente do SINDPOL/MG Investigador de Polícia, Bacharel em Direito, Pós-Graduado em Criminologia e Conselheiro Nacional de Segurança Pública
– Mais um fato de extrema intolerância e violência aconteceu na última segunda-feira em um condomínio fechado de alto luxo em Santana do Parnaíba, na grande São Paulo, onde a Dentista Mirian Cecília Baida, de 37 anos e seu marido Fábio Rezende Rubin, de 40 anos foram brutalmente assassinados por seu vizinho Vicente D’ Aléssio de 62 anos que, logo após, se suicidou com a mesma arma desferindo um tiro na cabeça.
Um fato que chamou atenção de todos que participaram da virada cultural em São Paulo foi o furto da carteira do Senador Eduardo Suplicy do PT. O ocorrido ganhou uma repercussão ainda maior, em razão da iniciativa da cantora Daniela Mercury, que chamou o Político para o palco e fez um apelo aos “afanões” para que devolvessem pelo menos os documentos do parlamentar apelo atendido imediatamente.
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